O Brasil é o país dos mitos. Temos o mito da democracia racial, o mito do Estado laico e agora surgi o mito de que a lei é para todos. Hoje vamos focar no mito da democracia racial.
Vamos abordar um pouco sobre democracia racial. 51% da população no Brasil é negra. A outra metade, 49%, tem o dobro de oportunidades. Dos 30 mil jovens mortos por ano, com idade de 15 a 29 anos, 77% são negros. A cor da pele é o principal motivo de suspeição policial. 65% dos policiais entrevistados admitiram que pretos e pardos são priorizados nas abordagens. Para 55,8% da população a morte de um jovem negro choca menos do que a morte de um jovem branco, é mais natural. Sem falar de frases consideradas inocentes, mas que são frutos do racismo: Até que seu cabelo nem é tão ruim! Para um negra você é até bonita! Você é uma negra bonita porque tem o nariz fino! Você não e negra você é moreninha!
Frase tirada da internet. "Tanta gente negra feia para vocês praticarem racismo e vocês falam logo da Tais Araújo que é tão linda que nem parece negra".
"Ser negro no Brasil é, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá em baixo, para os negros". (Milton Santos)
Pasta olharmos o contexto social a nossa volta com um olhar crítico e sensível e vamos perceber que alguma coisa está fora da curva. A composição social das favelas é de maioria negra, os piores empregos e salários estão nas mãos dos negros, boa aparência é sinônimo de pela branca, a população carcerária é majoritariamente composta de negros, o acesso as universidades públicas, as profissões de melhor valor material e status estão nas mãos de pessoas de pela branca. Para mim, o que mais simboliza o racismo no Brasil é a profissão de empregada doméstica. Nos passa a impressão que lugar de negro e na cozinha.
Não bastam leis, apenas amenizam. Precisamos fazer mudanças profundas na sociedade. A própria frase: Não é que eu seja preconceituoso, já está preparando o interlocutor para ouvir algo que não é muito adequado, porque não há muita lógica no preconceito. A questão do racismo é cultural, é fruto, herança de mais de 300 anos de escravidão no Brasil. Tudo relacionado a cultura a mudança é lenta e gradual. "Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito" (Albert Einstein).
"Existe uma história do povo negro sem o Brasil. mas não existe uma história do Brasil sem o povo negro" (Januário Garcia).
O mito da democracia racial, caracterizado pela negação do racismo, impede a conscientização e a luta. Este cenário de passividade contribui para manutenção de um apartheite social não institucionalizado visto como normal pelas vítimas da discriminação, principal consequência do preconceito racial.
Vou terminar o texto indicando um caminho para alcançarmos uma democracia plena, ou seja, racial, social, econômica e jurídica. "Só existirá democracia no Brasil no dia em que se montar no país a máquina que prepara as democracias. Essa máquina é a da escola pública". (Anísio Teixeira)
SANDRO LUCAS
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