
NINGUÉNS
Os ninguéns: os filhos de ninguém, os donos de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são, embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata. (Eduardo Galeano)
O invisível não comove, não incomoda, não traz indignação, é mais prático. Não enxergamos porque tornou-se banal, normal. É como um mau cheiro, um barulho constante. No início te incomoda, te deixa nervoso, revoltado, mas com o passar do tempo não sentimos e nem ouvimos mais nada. Com isso, perdemos a sensibilidade e a capacidade de indignação.
Essa deve ser nossa reação, revolta, diante das mazelas da sociedade. A palavra ninguém deve desaparecer e ser substituída por: alguém, irmão, semelhante. 
Que a nossa indignação perante esse problema ilustrado no poster acima, não transforme em esmolas. A esmola é um paliativo insignificante.
Somente uma sociedade organizada, sensível, capaz de indignar-se e engajada politicamente, é capaz de mudar esse cenário melancólico e vergonhoso.
SANDRO LUCAS
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