"FAMILISMO AMORAL"
A ambiguidade em relação às regras, reduz-se a ética que privilegia as relações domésticas e familiares, fechando os olhos para o que é público. Dentro desta percepção, podemos dizer que o brasileiro desde o início da colonização apresenta uma dupla moral.
Na rua, liberais e tolerantes, progressistas e modernos. Em casa, antissemitas, racistas, homofóbicos e machistas. Essa fisionomia bifronte (tem duas faces) se vê claramente nos comportamentos diários que nós mesmos, não só os políticos. Temos a propina para amaciar a multa, a buzina estridente na porta do hospital, as piadas de baixo nível envolvendo minorias, a crença não confessa de que "bandido bom é bandido morto", hábitos de incivilidade (indelicadeza) como falar palavrão aos berros, avançar faróis vermelhos, jogar lixo pela janela.
Não conseguimos roubar tanto como o fazem os políticos, mas temos uma ética muito maleável. Roubamos no miúdo, por meio de pequenas atitudes que se querem discretas. Nosso "jeitinho" é uma maneira boa-praça de encarar e viver o "familismo amoral". E ele é nefasto, se confunde com corrupção, pois desiguala o que deveria ser tratado com igualdade. O que faz que a lei seja desmoralizada e quem a cumpre, é estigmatizado como otário, não esperto.
USEI COMO BASE O TEXTO DE MARY DEL PRIORY.
A ponte da ÉTICA é estreita, todos visualizam, mas poucos querem atravessar.
A décadas, elegemos e convivemos com políticos que beiram a marginalidade e que, com raríssima exceções, esquecem de fazer políticas de excelência na saúde e educação, que ignoram os níveis de violência, que se recusam a pensar na desigualdade social que machuca o país. O Brasil há décadas está inserido na lista dos países mais corruptos do mundo, há décadas, existe um esquema de corrupção envolvendo o poder público, as grandes empresas e praticamente todos os partidos políticos. Diante deste contexto, cabe algumas indagações:
-Por que só agora a sociedade resolveu indignar-se e vestir a roupa da moralidade?
-Por que o combate a corrupção e a punição dos corruptos é seletivo?
-Por que a lei bate em alguns e acaricia outros?
-Por que a sociedade fica indignada, revoltada com a corrupção de alguns políticos e aceita com passividade a corrupção de outros?
-Por que estamos divididos, intolerantes, odiosos, deixando o fascismo aflorar?
Segundo Mary Del Piory, a resposta esteja na dupla moral que nos acompanha. Acrescento mais, a retórica da ética e da moralidade se dissolve rapidamente quando colocamos em prática nossas ações. A ética e a moralidade sai de fininho e entra a hipocrisia.
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