ADVOGADO DOS ESCRAVOS E ÍCONE DA LIBERDADE.
Jurista, poeta e educador. Se tivesse nascido nos Estados Unidos, sua história de vida teria rendido vários livros e virado best sellers, além de um ótimo drama hollywoodiano de sucesso internacional como 12 Anos de Escravidão.
Luiz Gama era um pobre negro brasileiro, fato comum praticamente a todos. Nascido na Bahia em 1830,e, embora sua história seja riquíssima e relevante, não recebe papel de destaque na historiografia brasileira.
Luiz Gama foi, e continua sendo, o nome mais representativo do movimento abolicionista brasileiro. Filho de um nobre português falido e de Luiza Mahin, negra africano livre, guerreira que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã, era muçulmana.
Luiz Gama foi ilegalmente vendido pelo próprio pai, aos dez anos de idade, para saldar dívidas de jogo. Levado para o Rio de Janeiro e, mais tarde, para Santos, fugiu da casa de seu "dono", foi soldado (saída possível na época para gente como ele não padecer de fome), jornalista, poeta dos bons e, por fim, advogado, profissão que exerceu com maestria e o eternizou na História.
Como advogado, iniciou uma espetacular batalha judicial, conseguindo a liberdade de mais de 500 escravos, baseando-se na lei de 1831, segundo a qual todos os africanos entrados no país depois de 7 de setembro daquele ano eram livres. Também conseguiu alforriar mais 500 escravos aproveitando-se de outra brecha da lei.
Luíz Gama morreu aos 52 anos, em São Paulo, em 24 de agosto de 1882. Seu funeral, transformou-se numa inaudita manifestação abolicionista e republicana.
Ao começar a ler e escrever, a medida que adquiria conhecimentos, revoltava-se cada vez mais com a injustiça da sociedade para com os seus. Podemo-nos dizer, sem medo de errar, que Luíz Gama é uma lenda e um simbolo eterno da luta pela liberdade e opressão.
É que eu não tolero
Falsários parentes,
Ferrarem-me os dentes,
Por brancos passando.
(Pacotilha, Luíz Gama)
Luíz Gama não lutava apenas pela abolição da escravidão, empenhava-se fortemente pelo reconhecimento de uma matriz africana na construção da cultura brasileira.
Luíz Gama é sua mãe, Luíza Mahin. Mulher guerreira do Brasil. Mulher que luta! Teve papel importante na Revolta dos Malês (rebelião de escravos), 1835. Luíza era quitandeira, ao vender seus quitutes, passava neles mensagens de revolta escrita em árabe, formando uma rede de solidariedade entre os escravos e homens e mulheres libertos.
Abaixo deixo um poema dedicado a memória da mãe, que devido a luta teve que deixá-lo ainda criança para não ser presa:
Era muito bela e formosa,
Era a mais linda pretinha,
Da adusta Líbia rainha,
E no Brasil pobre escrava!
Oh, que saudades que eu tenho
Dos seus mimosos carinhos,
Quando c'os tenros filhinhos
Ela sorrindo brincava.
(Minha mãe, Luíz Gama)
Depois de 133 anos, OAB reconhece Luíz Gama como advogado. A cerimônia aconteceu no dia 03/11/2015.
Luíz Gama deveria ser exemplo de justiça para todos. Se nossos magistrados e advogados norteassem suas ações tendo como base o trecho do poema, "Quem sou eu"? de Luíz Gama, talvez vivêssemos num país onde há justiça. Onde o slogan criado pela Lava Jato: "A justiça é para todos", não fosse mais um mito e, sim, uma realidade.
☠️☠️SANDRO LUCAS ☠️☠️
Comentários
Postar um comentário
SERÁ UMA HONRA RECEBER SEUS COMENTÁRIOS. OPINE! O DIÁLOGO E O QUESTIONAMENTO AVULTAM OS CONHECIMENTOS.