Pular para o conteúdo principal

"PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES". UM TAPA NA CARA DA DITADURA.

TORNOU-SE A MÚSICA, A CANÇÃO SÍMBOLO DA LUTA CONTRA A OPRESSÃO DA DITADURA MILITAR.
Na foto acima, Geraldo Vandré no festival internacional da canção em 1968. Sua música foi censurada, proibida, considerada subversiva pelos militares. Vandré partiu para o exílio, amargurou-se e abandonou a carreira artística.
CONTEXTO HISTÓRICO: REPRESSÃO, CENSURA, RESISTÊNCIA.
Em 1968, o Brasil enfrentava um dos piores momentos de repressão política, a instituição do AI-5: um conjunto de leis que conferiam poderes quase ilimitados ao regime. 
Apesar da forte censura que ameaçava, proibia e perseguia, a música se tornou um dos veículos artísticos usados para transmitir mensagens de aspecto político e social e tornou-se um poderoso instrumento de mobilização a repressão.
LETRA DA MÚSICA
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção
vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão
Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria e viver sem razão
Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão 
Caminhando e cantando e seguindo a canção 
Aprendendo e ensinando uma nova lição 
Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer


SIGNIFICADO DA MÚSICA.
"Pra não dizer que não falei das flores" é um convite à resistência política radical, um chamamento para todas as formas de luta necessárias para derrubar a ditadura.
Geraldo Vandré fala de flores para tentar mostrar que não é suficiente usar "paz e amor" para combater armas e canhões, sublinhando que a única forma de vencerem era a união e o movimento organizado.
Geraldo Vandré fala que a possibilidade de mudar a História, a realidade do Brasil e o futuro de todos os brasileiros estava na união e organização do povo.
Geraldo Vandré toca a música como se fosse uma espécie marcha fúnebre simbolizando o retrato das ruas do país e o cenário ameaçador para a população, principalmente quem ousava criticar e contextar a ordem vigente 
O objetivo de Geraldo Vandré com a música era despertar as pessoas para a militância, para luta, para Revolução.
"Vem, vamos embora, que esperar não é saber"
"Quem sabe faz a hora, não espera acontecer"
Retrato de Jan Rose Kasmir, que enfrentou os soldados norte-americanos com uma flor, em 1967.
Os ideais de "paz e amor" promovido pelo movimento da contracultura são simbolizados pelas flores. É sublinhada a sua insuficiência contra o "canhão".
A força de repressão do regime, são mencionados na música. Geraldo Vandré não desumaniza os soldados. Pelo contrário, "estavam todos perdidos", ou seja, usavam da violência, matavam, mas nem eles mesmos sabiam porquê. Apenas obedeciam devido a lavagem cerebral que sofriam: morrer em função do regime que defendiam, protegiam e do qual eram também vítimas.
ARTE, MÚSICA, LITERATURA, SÃO INSTRUMENTOS FUNDAMENTAIS NA CONSCIENTIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO POVO NA LUTA POR CIDADANIA.
GERALDO VANDRÉ E SEU VIOLÃO EM MEADOS DOS ANOS DE 1960.

☠️☠️SANDRO LUCAS☠️☠️
















































Comentários

Postar um comentário

SERÁ UMA HONRA RECEBER SEUS COMENTÁRIOS. OPINE! O DIÁLOGO E O QUESTIONAMENTO AVULTAM OS CONHECIMENTOS.

Postagens mais visitadas deste blog

PÊNIS QUE ENTRARAM PARA HISTÓRIA

                                       RASPUTIN-O KID BENGALA RUSSO. Entre os pênis que entram para história, o de Rasputin é um dos que mais oo chama atenção. Além da preponderância do orgão genital, era um verdadeiro pegador. Mas seu desejo por mulheres o trairia. Ele foi convidado pelo príncipe Felix a conhecer sua mulher Irina, a bela sobrinha do czar, e caiu numa armadilha. Foi envenenado, esfaqueado e jogado nas águas geladas do rio Neva. Seu pênis foi cortado e guardado por um serviçal. CARLOS MAGNO-REI FRANCO O rei que uniu a Europa Ocidental sob o cristianismo era um homem alto, forte e aparentemente saudável. Mas tinha o pênis danificado por uma irritação na bexiga, que dificultava a prática do sexo e o obrigava a correr para o penico várias vezes por noite. Coitado!  Como rei, podia traçar todas as donzelas, mas... . AFOTO ACIMA, MOS NAPOLEÃO BONAPARTE-IMPERADOR DA FRANÇA-FOTO O SEU PÊNIS. Seu pênis foi cortado pelo padre Vignali na Ilha de Elb

MISÉRIA, FOME, UMA VISÃO CRÍTICA

"Não se mede a miséria de um país pela pobreza do povo, mas sim pela riqueza dos governantes. Quanto mais ricos no poder, mais miseráveis a margem da sociedade. O que mata a fome do povo é comida e o que alimenta os ricos é a ignorância do povo." (A. Shakti) O celeiro está cheio, abarrotado, alimentando os donos do poder, perpetuando-os na ilha dos privilégios... O alimento contra a ignorância é o conhecimento, a informação, a consciência crítica, o bem comum sobrepondo ao individualismo. Só assim, vamos esvaziar o celeiro dos "barrigas cheias" , abrindo caminho para alimentar os "pés no chão" , fazendo-os cidadãos, trazendo dignidade a nação . Levanta-te!! O opressor só é grande, poderoso, por causa da sua ignorância e submissão. "Não é a pornografia que é obscena . É a fome que é obscena ." (Saramago) O retrato social do Brasil, independente do tempo história, cronológico, é obsceno . A indigência na calçada é imoral! A fome é imoral! A e

CONHEÇO O MEU LUGAR: INTERPRETAÇÃO, PARTE I, DA BELA MÚSICA DO POETA BELCHIOR.

CONHEÇO O MEU LUGAR, OBRA PRIMA DO NOSSO GENIAL E ETERNO CANTOR E POETA. A MÚSICA ABORDA A DISCRIMINAÇÃO DO NORDESTINO E O PERÍODO MILITAR. NESTA POSTAGEM VOU TRANSCREVER DUAS PASSAGENS DA MÚSICA QUE BELCHIOR FALA DA DISCRIMINAÇÃO E DO ORGULHO DE SER NORDESTINO. " O QUE EU POSSO FAZER UM SIMPLES CANTADOR DAS COISAS DO PORÃO? DEUS FEZ OS CÃES DA RUA PARA MORDER VOCÊS QUE SOB A LUZ DA LUA OS TRATAM COMO GENTE - É CLARO! - AOS PONTAPÉS". Nessa passagem Belchior deixa bem claro o tratamento ao chegar no Sudeste e as dificuldades que enfrentou, mesmo com grande talento, para conseguir seu espaço no meio artístico. Ele fala que por não ser uma pessoa conhecida, "Um simples cantador das coisas do porão" , ou por ser simplesmente mais um jovem nordestino, é discriminado, tratado com desprezo, como se fosse "cães de rua", "aos pontapés" "NÃO! VOCÊ NÃO ME IMPEDIU DE SER FELIZ! NUNCA JAMAIS BATEU A PORTA EM MEU NARIZ