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"EU TENHO UM SONHO." DISCURSO HISTÓRICO.


Um dos discursos mais famosos, comoventes e inspiradores do século XX. MARTIN LUTHER KING foi ovacionado por 250 mil pessoas em 23 de agosto de 1963, Washington, EUA.
 "Estou feliz por me unir a vocês hoje nesta que entrará para a história como a maior demonstração a favor da liberdade na história do nosso país.
(Gritos e aplausos.)
Há cem anos, um grande americano, em cuja sombra simbólica nos encontramos hoje, assinou a Proclamação de Emancipação. Esse decreto importante veio como um grande raio de luz de esperança para milhões de escravos negros que foram marcados a ferro nas chamas de uma injustiça fulminante. Veio como um feliz amanhecer para por fim à sua longa noite de cativeiro.
Mas, cem anos depois, o negro ainda não é livre.
Cem anos depois, a vida do negro ainda está tristemente tolhida pelas algemas da segregação e pelas correntes da discriminação. Cem anos depois, o negro ainda vive numa ilha solitária de pobreza em meio a um vasto oceano de propriedade material.
(Aplausos.)
Cem anos depois, o negro ainda definha nas margens da sociedade americana e se percebe um exilado em sua própria terra. E por isso viemos aqui hoje, para dramatizar  uma condição vergonhosa.
Em certo sentido, viemos à capital da nossa nação para descontar um cheque. Quando os arquitetos da nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração de Independência, eles estavam assinando uma nota promissória da qual todo americano seria herdeiro. Essa nota era uma promessa de que todos os homens - sim, negros e brancos - teriam garantidos os direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à busca da felicidade.
É óbvio, hoje, que a América não pagou essa nota promissória no que concerne aos seus cidadãos de cor. Em vez de honrar essa obrigação sagrada, a América deu ao povo negro um cheque que foi devolvido com a anotação 'fundos insuficientes'.
(Gritos e aplausos.)
Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça está falido. Nos nós recusamos a acreditar que há fundos insuficientes nos grandes cofres de oportunidade desta nação. E por isso viemos descontar este cheque, um cheque que nos dará, quando o apresentarmos, as riquezas da liberdade e a segurança da justiça.
(Gritos e aplausos.)
Também viemos a este lugar sagrado para recordar à América a clara urgência do agora.
Este não é o momento de se dar ao luxo de manter a calma ou de tomar o remédio tranquilizante do gradualismo. Este é o momento de tornar reais as promessas de democracia. Este é o momento de sair do vale escuro e desolado da segregação para o caminho ensolarado da justiça racial para a rocha sólida da fraternidade. Este é o momento de fazer da justiça uma realidade para dos os filhos de Deus.
Seria fatal para a nação negligenciar a urgência do momento. Este verão sufocante de legítimo descontentamento do negro não passará enquanto não chegar um outono revigorante de liberdade e igualdade. Mil novecentos e sessenta e três não é um fim, mas um começo. Aqueles que acreditavam que o negro precisava extravasar e agora ficará contente terão um rude despertar se o país voltar a normalidade.
(Gritos e aplausos.)
Não haverá descanso nem tranquilidade na América enquanto ao negro não forem concedidos seus direitos de cidadãos. Os turbilhões da revolta continuarão a abalar os alicerces do nosso país até emergir o dia luminoso da justiça. 
Mas isso é algo que devo dizer ao meu povo, que se encontra no caloroso limiar que leva ao palácio de justiça. No processo de obter o lugar que nos e de direito, não devemos ser culpados de atos errados. Não procuremos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da taça de ódio e amargura.
(Gritos e aplausos.)
Devemos sempre conduzir nossa luta no plano mais elevado da dignidade e da disciplina. Não devemos permitir que nosso protesto criativo se degenere em violência física.
Repetidas vezes, teremos de nos erguer às alturas majestosas de combater força física com força espiritual.
A nova militância maravilhosa que envolveu a comunidade negra não deve nos levar a desconfiar de todas as pessoas brancas, pois muitos dos nossos irmãos brancos, como demonstra a sua presença aqui hoje, estão conscientes de que seu destino está atado ao nosso destino. E estão conscientes de que sua liberdade está intrinsecamente ligada à nossa liberdade. Não podemos caminhar sozinhos.
E, à medida que caminhamos, devemos assumir o compromisso de sempre marchar para a frente. Não podemos recuar. Há quem pergunte aos defensores dos direitos civis: "Quando vocês estarão satisfeitos?". Jamais poderemos estar satisfeitos enquanto o negro for vítima dos horrores impronunciáveis da brutalidade policial. Já mais poderemos estar satisfeitos enquanto nosso corpo, exausto com a fadiga da viagem, não puder obter alojamento nas pousadas das beiras de estrada e nos hotéis das cidades.
(Gritos e aplausos.)
Não poderemos estar satisfeitos enquanto um negro no Mississippi não puder votar e um negro em Nova York acreditar que não tem nada pelo que votar. Não, não estamos satisfeitos e

(...) não estaremos satisfeitos enquanto a justiça não correr como as águas, e a retidão, como uma corrente poderosa.

Estou ciente que alguns de vocês vieram até aqui após muitas dificuldades e tribulações. Alguns de vocês acabaram de sair de celas pequenas de prisão. Alguns de vocês vieram de áreas onde sua busca por liberdade os deixou lastimados pelas tempestades da perseguição e abatidos pelos ventos da brutalidade policial. Vocês são veteranos do sofrimento criativo. Continuem a trabalhar com a fé de que o sofrimento injusto é redentor.
Voltem para o Mississippi, voltem para o Alabama, voltem para Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para Louisiana, voltem para as favelas e os guetos das nossas cidades do norte, sabendo que, de algum modo, esta situação pode e será mudada. Não chafurdemos no vale do desespero. Hoje, eu digo a vocês, meus amigos, embora enfrentemos as dificuldades de hoje e de amanhã, eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.
Eu tenho um sonho de que um dia esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado da sua crença: "Consideramos estas verdades evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais.
(Gritos e aplausos.)
Eu tenho um sonho de que um dia, nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos de ex-escravos e os filhos de ex-donos de escravos poderão se sentar juntos à mesa da fraternidade. Eu tenho um sonho de que um dia até mesmo o Estado do Mississippi, um Estado sufocado pelo calor da injustiça, sufocado pelo calor da opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça. 

Eu tenho um sonho de que meus quatro filhos pequenos um dia viverão em um país onde não serão julgados pela cor de sua pele, e sim pelo conteúdo de seu caráter. 
(Gritos e aplausos.)

Hoje, eu tenho um sonho. Eu tenho um sonho de um dia, no Alabama, com seus racistas cruéis, com seu governador cuspindo palavras de interposição e anulação - um dia, bem lá no Alabama, meninos negros e meninas negras poderão dar as mãos a meninos brancos e meninas brancas como irmãos e irmãs. Hoje, eu tenho um sonho.
(Gritos e aplausos.)
Eu tenho um sonho de que um dia todos os vales serão levantados, todos montes e colinas serão aplanados; os terrenos acidentados se tornarão planos; as escarpas serão niveladas. A glória do Senhor será revelada e, juntos, todos a verão.
Essa e a nossa esperança.
Essa é a fé com a qual voltarei para o Sul. Com essa fé, poderemos esculpir na montanha de desespero um pedra de esperança. Com essa fé, poderemos transformar as discórdias dissonantes do nosso país em uma bela sinfonia de fraternidade. Com essa fé, poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, ser presos juntos, defender a liberdade juntos, sabendo que um dia seremos livres.
(Gritos e aplausos.)
Esse será o dia, esse será o dia em que todos os filhos de Deus poderão cantar com todo significado:
'Meu país é teu,
Doce terra de liberdade,
De ti eu canto: Terra onde meus pais morreram,
Terra do orgulho dos peregrinos,
Que, de cada encosta, a liberdade ressoe!'
E, se a América quiser ser uma grande nação, isso precisa se tornar realidade. Então, deixemos que a liberdade ressoe dos cumes prodigiosos de New Hampshire. Que a liberdade ressoe das montanhas majestosas de Nova York. Que a liberdade ressoe dos elevados montes Alleghenies da Pensilvânia. Que a liberdade ressoe dos picos nevados das Rochosas do Colorado. Que a liberdade ressoe  das encostas curvilíneas da Califórnia. Mas não só isso; que a liberdade ressoe da Stone Mountain da Geórgia. Que a liberdade ressoe da Lookout Mountain do Tennessee. Que a liberdade ressoe de cada montanha e colina do Mississippi.

Que, de cada encosta, a liberdade ressoe.
(Gritos e aplausos.)
E quando isso acontecer, quando deixarmos que a liberdade ressoe, quando deixarmos que ressoe de cada vilarejo e de cada aldeia, de cada estado e de cada cidade, conseguiremos fazer chegar mais depressa o dia em que todos os filhos de Deus - negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos - poderão dar as mãos e cantar as palavras da antiga canção espiritual negra: 'Livres , finalmente! Livres finalmente! Graças a Deus Todo- Poderoso, somos livres, finalmente'.
(Gritos e aplausos estrondosos)

"EU TENHO UM SONHO", as palavras de Martin Luther King entraram para História e até hoje inspiram lutas por igualdade racial nos EUA e no mundo.

(Fonte - 50 DISCURSOS QUE MARCARAM O MUNDO MODERNO.)

SANDRO LUCAS HISTÓRIA

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