Negro, "Geni" da sociedade
África
Sarcófagos das dores
Sobre as águas do oceano
Gritos de lamentações eternizados
No eco da história
Novo Mundo
Séculos de escravidão
Penúria...
Laboro, suor, sangue
Resistência, luta, sublevação
Negação...
Ser escravo nunca foi opção
Na ampulheta da história
Feridas profundas
Abertas pelo chicote da discriminação
Aprisionado no pelourinho do preconceito
SEGREGAÇÃO
Tatuado na epiderme maltratada pela
Labuta do sol
RACISMO
Tornando-o "Geni" da sociedade
Cuspido, humilhado, explorado
Morto em algum lugar, espaço, tempo
Sem causar comoção
Na aristocracia, na burguesia, no cristão
Livre a bico de pena
Preso nos grilhões ocultos
Do racismo
Que veste suas máscaras
Para justificar, legitimar
Uma sociedade desigual, opressora
Perversa, insensível...
Visto pelo cidadão de bem
Como uma ralé de novo escravo
Cuja biografia é Invisível
Em um país que veste uma nova roupa
Para camuflar a escravidão
Que continua a ser desenhada pela
Caneta biográfica da história.
(Sandro Lucas)
Dentre os problemas do Brasil, podemos colocar na prateleira de cima a questão racial. Só podemos compreender os gravíssimos problemas sociais, inserindo-os dentro do contexto do racismo estrutural.
Décadas e décadas fechando as portas das oportunidades, da dignidade, colocando barreiras na estrada da igualdade, tornando-a desigual, dificultando o caminhar de milhões de brasileiros, aprofundando o fosso da exclusão.
O racismo no Brasil é um tema complexo, não dá para ser discutido, debatido, questionado, resolvido, tendo como base o senso comum. Não dá para entendê-lo sem conhecer a nossa história, o contexto histórico onde foi sendo construído uma sociedade injusta e brutalmente desigual.
RACISMO NÃO É MIMIMI!
Antes de expressar uma opinião, estude nossa história: escravidão, pós-escravidão.
Analise os fatos, relacionando-os com a formação, construção, estruturação, da sociedade no transcorrer da história.
Deixo para terminar falas de Carolina Maria de Jesus. É expressão, voz dos excluídos, que deixou desenhado nitidamente a cor da exclusão.
"As oito e meia da noite eu já estava na favela respirando o odor dos excrementos que mescla com o barro pobre.
Quando estou na cidade tenho a impressão que estou na sala de visita com seus lustres e cristais, seus tapetes de viludos, almofadas de sitim.
E quando estou na favela tenho a impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de despejo.
"Adeus! Adeus! Eu vou
Morrer!
E Deixo esses versos
Ao meu país
Se é que temos o
Direito de renascer
Quero um lugar onde
O preto é feliz!"
A questão racial deve estar na pauta de prioridade do Executivo, do Congresso Nacional, da sociedade.
Só assim, o desejo da poetisa poderá deixar a folha delicada da poesia e se tornar realidade.
Carolina, o Brasil é um lugar onde o preto é feliz.
SANDRO LUCAS HISTÓRIA
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